RESTROSPECTIVA – BASTIDORES DE MODA EM PARIS 2016
Impossível falar de História da Moda sem citar a última Rainha da França: Maria Antonieta. Considerada a primeira mártir da Moda, ela casou-se quando ainda era adolescente com o rei impotente da França, teve a cabeça cortada e posteriormente se tornou um símbolo dos excessos e da ganância da aristocracia. “Sua famosa decapitação foi parcialmente resultado de sua paixão pela moda”, afirma a professora de história da Universidade de Ilinóis Clare Crowston em seu livro Credit, Fashion, Sex: Economies of Regard in Old Regime France.

Num trecho de uma carta, ela basicamente diz que usava a moda para dar a impressão de ter crédito. No século XVII, quando as pessoas falavam em “crédito”, elas estavam falando de reputação e credibilidade. Crédito é um grande exemplo do mercado cinza do poder feminino na época – através do crédito, as mulheres podiam influenciar indiretamente todo o maquinário do governo real. O que Maria Antonieta estava dizendo em sua carta era que, para ter crédito, você precisava parecer ter crédito. Ela estava prestando muito mais atenção na moda do que as rainhas anteriores – elas se mantinham perto dos códigos tradicionais de vestimenta da corte – e estava tentando guiar a moda, usar sua habilidade para criar novos estilos e dominar a moda, como uma maneira de chamar a atenção e reivindicar algum tipo de prestígio aos olhos da corte.

Marie-Jeanne Rose Bertin

Marie-Jeanne Rose Bertin

 

 

Ela tinha uma relação fascinante com uma mulher chamada Marie-Jeanne Rose Bertin, que era uma entre os mercadores de moda oficiais da rainha. Betin vendeu-lhe aqueles fabulosos chapéus de 90 centímetros de altura. Ela foi mais ou menos a Coco Chanel da época: a primeira estilista realmente famosa. Antonieta confiava nela para criar a aparência que ela estava procurando; elas tinham um relacionamento muito próximo.Isso veio a simbolizar o que a rainha estava fazendo de errado: ela estava gastando demais, estava se relacionando com o tipo errado de pessoa, estava focando-se em coisas frívolas. O povo dizia que a rainha estava falindo as famílias aristocratas ao encorajar as nobres a seguir suas modas e que também estava falindo o Estado.

 

 

 

 

 

 

Ela usava roupas muito extravagantes para a época. Há um retrato muito famoso, da artista Louise Élisabeth Vigée Le Brun, de Antonieta usando um chemise muito simples. O que chocava ali era a informalidade: era um vestido de linho liso com um babado no busto. A rainha devia estar protegida atrás de espartilhos rígidos e usando roupa formal extremamente cara. Então, parecia que a rainha tinha sido pintada de camisola.

 

 

 

 

 

Em cada visita a Versailles, mais imagens e outras particularidades são adicionados à nossa memória, impossível gravar tudo numa jornada. Além dos jardins, da magnitude dos edifícios, do esplendor da Galeria dos Espelhos, em cada sala, os desenhos, as pinturas nos tetos, exigem renovada atenção. Cada detalhe nas portas, nos acessórios, nos móveis é capaz de capturar e estimular a nossa atenção. O quarto dos reis, a decoração das paredes, a suntuosidade, o luxo das dependências da Rainha, exigem renovadas e frequentes visitas.

 

 

Além disso, não pode faltar a visita ao Petit Trianon, refúgio íntimo da Rainha, presente do seu esposo, o Rei Luis XVI, onde edificara aldeia que recordava a Viena da sua Áustria. Local de ócio, de intimidades, com jardins, com teatro, com fontes, pavilhões e espaços verdes. Um verdadeiro cenário ao ar livre, onde Maria Antonieta tentava desfrutar de uma vida mais natural e menos formal.

E para fechar com chave de ouro a nossa visita, um entardecer maravilhoso nos jardins do castelo.

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