novo calendarioA pandemia do novo Covid-19 já causou mudanças efetivas na indústria da moda internacional e nacional. Com o intuito de minimizar os danos à cadeiia da moda, a ABEST (Associação Brasileira dos Estilistas), que representa 120 marcas, reuniu-se com sete dos principais showrooms do Brasil para discutir e desenhar um novo calendário de varejo para a mercado de moda.

Com oficinas e ateliês parados, lojas fechadas e com risco de fluxo de caixa por tempo indeterminado, as marcas se viram num dilema: quando as lojas fecharam, elas estavam recebendo a nova coleção de inverno 2020 que agora está parada nas prateleiras, sem vender. Para não amargar um prejuízo total, algumas marcas e lojas multimarcas estavam planejando uma liquidação antecipada assim que as portas voltassem a se abrir. Mas elas estariam liquidando peças de inverno… no meio do inverno. Apesar de não fazer sentido, é assim que o mercado vinha operando nos últimos anos com liquidações em pleno auge das estações quando todos deveriam estar vendendo os produtos a preços cheios.

NECESSIDADE DE NOVO CALENDÁRIO JÁ ERA EMINENTE

Pressionados pelo modelo de negócios difundido pelo fast fashion, as marcas entraram num frenesi precisando lançar coleções novas entre as estações, todos os meses em formato de drops para não ficar para trás no quesito novidades e lançamentos. Esse modelo vende a ideia de eterna renovação, canibalizando a própria marca: uma peça que está há somente 15 dias na vitrine torna-se velha quando chegam as novidades. Outro ponto crítico é timing adiantado de chegada de coleções às lojas ditado por grandes marcas de varejo internacionais com coleções de inverno chegando nas vitrines em pleno verão e vice versa. “Nosso produto não é perecível nessa velocidade”, diz o comunicado da ABEST. As liquidações frequentes também não ajudam; elas desvalorizam o produto e causam enormes prejuízos para toda a cadeia.

 

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Giorgio Armani

Em carta ao mercado de Moda que foi repercutida no mundo inteiro, Giorgio Armani afirmou que, globalmente, o setor entrou em declínio quando a  lógica de fastfashion foi absorvida pela maioria da indústria, que lança novidades continuamente na expectativa de vender mais. “Não faz sentido que uma de minhas jaquetas ou tailleurs estejam numa loja por três semanas, se tornem imediatamente obsoletos e sejam substituídos por produtos novos, não tão diferentes dos anteriores. Eu não trabalho assim, acho imoral fazê-lo”, afirmou. A Moda é a indústria que por excelência propõe o novo para manter a roda girando, mas a busca inconsistente pela novidade desgastou sua proposta de valor.

Além disso, o modelo também não educa o consumidor sobre o valor e a qualidade do trabalho de cada designer e marca tampouco sobre o impacto do consumo desenfreado e sem propósito.

Paulo Borges, criador da SPFW, apoia essa mudança e também chama atenção para a questão da falta de conhecimento do consumidor em relação ao custo Brasil na moda. “As pessoas reclamam que as roupas são caras, mas elas também não sabem a quantidade de impostos que se paga para uma coleção chegar na arara. Talvez seja o momento para trazer mais transparência, mostrar quanto se paga pela mão de obra e quanto se paga por todos os impostos”, diz Paulo.

O QUE VAI MUDAR COM O NOVO CALENDARIO

Com o apoio do SPFW, InMod e FFW, o grupo estabeleceu um novo calendário de varejo, começando já pela coleção atual, de inverno 2020. O desejo e recomendação das marcas integrantes da ABEST é de que as peças sejam vendidas a preço cheio até o final de julho e entrem em liquidação somente em agosto. “Reunimos sete dos principais showrooms do Brasil. Temos 120 marcas na ABEST, sabemos das necessidades que elas têm, especialmente as de pequeno e médio porte. Muitas delas fazem sua venda B2B com esses showrooms, que por sua vez, estão conectados a uma rede enorme de lojistas e boutiques no Brasil, que são os canais de distribuição no atacado”, diz Roberto Davidowicz, vice-presidente da associação e dono da marca UMA Raquel Davidowicz.

Mas se já havia um incômodo com a falta de sentido de como o calendário operava, por que a mudança não ocorreu antes? “Quando estamos de frente pra uma situação muito mais difícil do que o normal, como a que estamos expostos agora, abre-se uma janela da oportunidade em que as pessoas estão mais sensíveis para arregaçar a manga”, explica Roberto. “Já que está tão difícil, vamos virar a página pra uma coisa melhor. Nunca se conversou tanto, nunca se ouviu tanto. Essa sensibilidade ajudou a aflorar a vontade de resolver alguns pontos”.

Portanto, o novo acordo tem duas ações imediatas ligadas a um plano emergencial por conta do covid-19, que consiste em novas datas de liquidação e showroom (veja abaixo). A terceira decisão é a de unificar um calendário a partir da mudança da data de liquidação: ela sai de julho para agosto e de janeiro para fevereiro, dando aí um mês a mais para que as marcas trabalhem comercialmente suas coleções. “É uma mudança muito sutil, estamos mexendo apenas um mês, mas que fará a diferença pro comercial das marcas, que tendem a ter um resultado melhor porque hoje está muito difícil”. O próximo (grande) desafio é inserir os shoppings centers neste calendário.

Abaixo a carta oficial emitida pela entidade que explica como ficará o novo calendário para o mercado brasileiro de marcas autorais:

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Carta Aberta – ABEST

Contudo, já temos algumas datas para os pedidos de Verão 2021:

Veste Rio: 10 a 12/06/2020
Feiras de São Paulo: De 06 a 10/07/2020
Casa Skazi: De 13 a 18/07/20

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Fonte: FFW Uol , Estadão

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