Em Florença, tivemos a oportunidade de vistar, através dos Bastidores de Moda Itália, o Museu Salvatore Ferragamo. Além de muita História da marca, informações sobre suas criações e o potencial empreendedor desde os 14 anos de idade do designer Ferragamo, pudemos conferir também a sua preocupação com a sustentabilidade do planeta.

museu salvatore ferragamo sustentabilidade

Fachada do Museu Salvatore Ferragamo – Florença

Muito antes de o mundo acordar para a necessidade de uma vida mais sustentável, o designer italiano já buscava alternativas ecológicas para suas criações. O motivo não era apenas poupar a natureza, mas também uma exigência do governo fascista italiano, instaurado no país entre 1922 e 1943, de utilizar apenas produtos nacionais, que limitou as possibilidades de matérias-primas.

Com o começo da Segunda Guerra, até o couro se tornou escasso, dada a necessidade de produzir as botas dos soldados, assim como o aço, usado em muitas das bases daqueles sapatos. Foi aí que Ferragamo teve a ideia de utilizar a cortiça originária da floresta de sobreiros na Sardenha como substituta, já que as árvores precisavam ser aparadas periodicamente para não morrerem de asfixia com a própria casca.

“Muitos não sabem, mas a cortiça sarda é um dos materiais mais sustentáveis do mundo, porque ao retirá-la, você está salvando a vida da planta”, explica Stefania Ricci, diretora do Museo Salvatore Ferragamo. E foi com cortiça e madeira que Ferragamo criou seu sapato mais icônico: o Rainbow que foi feito em 1938 para Judy Garland.

sustentabilidade

Árvore que dá origem à Cortiça Sarda

rainbow sustentabilidade

Rainbow foi feito em 1938 para Judy Garland

 

Casaco confeccionado com linhas de rede de pesca.

 

“A criação de valor sustentável para o futuro do planeta e das pessoas é um desafio vital e positivo para todos os negócios”, disse Ferruccio Ferragamo, presidente do grupo, ao WWD. “Com isso em mente, o enriquecimento do nosso povo e a área em que atuamos é um aspecto fundamental das nossas operações do dia-a-dia e uma prioridade quando planejamos as futuras iniciativas do grupo”.

A marca lançou em abril de 2017 uma coleção cápsula toda feita com Orange Fiber, primeiro tecido no mundo produzido com a fibra da casca de laranja, reafirmando ainda mais seu posicionamento eco-friendly. Além do tecido com casca de laranja, é possível encontrar no Museu, tecidos criados com folhas de abacaxi, casca de maçã, e linhas de rede de pesca. Além do reaproveitamento de materiais, como a lona de um pára-quedas usado para confeccionar mochilas.

Em Minas podemos ver também marcas com essa preocupação sustentável. Uma delas é a Skazi que investiu pesado em soluções tecnológicas para produzir energia limpa em todas as suas unidades.

A fábrica tem máquinas trabalhando 24 horas por dia e por isso, investiu R$ 2 milhões em 850 placas solares para produção própria de energia. O payback é estimado em apenas 3 anos, mas além disso visa a proatividade em minimizar os impactos causados pela poluição do setor têxtil que está entre os 5 maiores do planeta. Com isso a marca ganhou o selo de “100% Renewable Energy”.

sustentabilidade

Placas Fotovoltaicas Skazi

E não é só economia de recursos que gera sustentabilidade, a Skazi alinhada a essa dinâmica que mistura moda e arte para criar produtos inusitados, investe em uma proposta totalmente inédita entre as marcas do Brasil: o Skazi Art Walls. O projeto busca promover a interação entre a arte de rua e a moda por meio da construção de um corredor cultural na fábrica da grife, que foi recentemente ampliada, no bairro Prado, em BH.

Com a curadoria da Galeria Quartoamado, mais de 1.000m² de paredes, janelas e portões foram transformados em obras de 13 artistas que, durante cinco dias, fizeram do lugar sua residência criativa. “A iniciativa marca um novo momento da Skazi no qual a sustentabilidade e a responsabilidade social se concretizam em todas as atividades de produção” comenta Vander Martins, diretor da grife.

Além de dar visibilidade à arte cotidiana das ruas, o espaço tem um caráter multidisciplinar, onde música, gastronomia e manifestações culturais de todas as vertentes são mais que bem-vindas. Todo esse complexo artístico ficará à disposição da comunidade, que também poderá contribuir para dar vida ao local com práticas que incentivem a criatividade.

 

Outro exemplo mineiro de responsabilidade social podemos ver na marca DBZ Jeans, com o projeto “Origem” que visa o incentivo à prevenção ao câncer que mais atinge as mulheres: o Câncer de Colo do Útero.

“Tendo em vista o alto índice de mulheres que estão sendo atingidas pelo câncer de útero e ovários, fiquei me questionando como poderia ajudar outras mulheres a se prevenirem. Pensando sobre o papel da calça DBZ Jeans na vida das mulheres brasileiras e avaliando tudo que já ouvi sobre ela, concluí que a mesma não só veste e deixa poderosa, como também oferece conforto e protege o corpo”. Afirma Ilza Buzetti, proprietária da marca e ainda completa: “Ao refletir sobre tudo isso, veio-me a ideia de colocar um alerta em cada calça DBZ Jeans e, a partir de agora, toda mulher que adquirir uma das nossas calças será alertada para se cuidar”. Esse tipo de câncer silenciosamente aparece e só é detectado em um estado avançado, podendo, assim, a mulher perder partes tão significativas de seu corpo, que são seu útero, ovários e a sua auto-estima. Além do recurso doado à prevenção, proveniente dos lucros da venda da camiseta da causa.

A sustentabilidade e responsabilidade social estão cada vez mais necessárias e evidentes devido a maior conscientização de seus consumidores. O planeta precisa de ajuda e é com propostas sérias que algumas marcas do setor têxtil se comprometem a ajudar na mudança desse quadro, levando as questões ambientais em consideração sem abrir mão da essência e da personalidade que a moda transmite.

A sustentabilidade não está apenas voltada para a economia de recursos naturais, mas também para a preocupação com o bem-estar e saúde da sociedade e seus colaboradores.

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *