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E vamos nos despedindo do Minas Trend com a nossa ultima entrevista…

Entrevistamos a talentosa, competente e simpaticíssima Luciana Silva estilista da UNITY 7.
Confiram os melhores trechos:

(FD) Como é o dia a dia de uma estilista de moda?

(Luciana Silva) Lygia, atualmente tem mudado muito. Hoje em dia a gente precisa realmente saber trabalhar. Você tem que ter passado por todas as fases e etapas de dentro de uma fábrica. Você precisa conhecer bem para quem você está entregando a produção da sua roupa. Nesse comecinho de modelagem, de todo o trabalho. O segredo de sucesso é uma equipe muito unida, muito bem formada.  O desenho hoje, já vem para você o ideal do que vai se usar, já vem muito quase que pronto. Mas para materializar esse produto, a gente teve que mudar muito. Então está bem diferente. O trabalho hoje em dia está mais complexo. Eu digo que hoje deu assim uma peneirada. Com tantas faculdades de moda colocou uma leva muito grande, não digo que não são bons profissionais ou ainda vão se tornar bons profissionais. Mas tinha mudado um pouco do perfil do que se chamada do estilista de antigamente. Então você tem que voltar a desenhar novamente. Não é só colocar no computador e ter, não! Você tem que passar para modelagem, você tem que chegar com o desenho e entender o que você está pedindo. Voltou ser um trabalho gostoso, prazeroso de se fazer.

(FD) Ah que bom! A moda está mudando muito. Você falou uma coisa que é muito importante. Está cada vez mais rápido. Acho que nunca teve tanta roupa no mundo como tem hoje. Hoje que eu digo, dez anos para cá. A forma de consumir também está mudando. Agora está tendo até uma nova mudança, porque está sendo uma coisa de consumo mais consciente. Porque essa coisa de trabalho escravo, né?!

(Luciana Silva) Sim. Não adianta só a empresa, só estilo… A gente sempre fala muito sobre isso. Do produto. De a gente conseguir um material ecologicamente correto. Atualmente se falando de Brasil, você não consegue produzir. Porque todo mundo está habituado em preço. Em conseguir sempre chegar nesse preço. Preço comercial. Então o que a gente pode fazer, o que a gente trabalha muito é com a reciclagem dos produtos. Para ONGs, são sempre distribuídas. Para escolas infantis, todos os canos são entregues, todos os canudos de linha, são mandados para escolas infantis. Quando eles fazem borboletinha, os trabalhos deles. Então essa preocupação a gente ainda tem de conseguir com que esse material seja um material que vai ser reutilizado de alguma maneira, não vai ficar na natureza. Sempre, a gente sempre tenta. Que para algumas cooperativas de renderas, produzir tapetes nas igrejas. Então a empresa sempre tem esse pensamento.

(FD) Tem uma consciência né?! Dentro do que o país também consegue proporcionar para vocês.

(Luciana Dias) Exatamente. Gostaríamos sim, de poder fazer mais. Assim que acontecer alguma coisa, nós estaremos no caminho.

(FD) Qual importância da moda mineira no mercado nacional e se é que tem, acredito que sim, no mercado internacional?

(Luciana Dias) Bom, eu não gosto de repetir. Eu fico triste quando só falam da marca mineira quando falam de festa. Não é. É só lembrar do Grupo Mineiro, com uma modelagem impecável e não eram festa só. Porque festa nós tínhamos Mabel e Barbara Bel, mas o que acontece?! Tem um cuidado especial com a modelagem, não que os outros estados não tenham. Mas por exemplo, a gente faz para o Rio mesmo, algumas marcas do Rio procuram BH principalmente para a modelagem. Não conseguem preço para produção, mas se consegue a modelagem. Então acho que o ponto chave seria esses bons profissionais que estão escassos se trabalhar com uma boa modelagem. É aonde um custo da roupa por exemplo, fica muito caro, para você manter esses profissionais na empresa. Esses bons modelistas eles custam muito caro. Então essa é a diferença de uma roupa mineira. Veste bem. E o interesse lá fora é de se conseguir essa qualidade. Algumas coisas ainda a gente consegue fazer a mão, muito bem forrada. A roupa pode ser vista o lado de dentro e de fora e continua belíssima. Então todo mundo comenta sempre sobre isso. Acho que é interessante.

(FD) Na minha percepção, eu acho que essa coisa do bordado também, acaba que a gente não quer ficar associando a moda mineira a moda de festa, mas é inevitável. Porque vocês fazem isso com muito louvor, primor. Essa coisa de bordado, do feito a mão, do artesanal. Isso não tem em nenhum outro lugar. No nordeste talvez, mas não com esse apelo de moda.

(Luciana Silva) Sim e é merecido para todo mundo que faz o trabalho que é feito. É lindo! Também concordo. É muito diferente. Um outro perfil, mas eu acho lindo também. Também adoro.

(FD) É difícil fazer moda no Brasil?

(Luciana Silva) Sim. Ai a gente volta lá no começo da nossa conversa. Tudo depende de valores. Hoje em dia virou um duelo de Titãs. Para você conseguir fazer alguma coisa autoral, fugir um pouco do que está sendo visto, é difícil. Você tem que seguir algumas coisas que são ditas. Porque a pessoa fala em modos e moda para mim é a mesma coisa. Então você acaba tendo que seguir a tendência. Ainda acho que é muito difícil se fazer moda no Brasil. Ainda não enxergarem o Brasil como quem produz moda diferenciada, assim acho que é muito difícil.

(FD) Qual a melhor parte de trabalhar com moda?

(Luciana Dias) É engraçado isso, mas é essa adrenalina do dia a dia. É viciante, quando a gente fala parece brincadeira mas é uma coisa. Todo dia é uma coisa nova. Que seja boa ou que seja ruim, mas você nunca tem o mesmo ritmo. Você chega na fábrica, é um vestido que estava tudo ótimo e ai a produção inteira foi cortada do lado avesso. Era toda fosca e foi toda cortada no brilho. Ai você tem que ligar para todo mundo. A empresa inteira se mobiliza. Depois que passa (risos) agora contando parece engraçado. Mas é isso. Esta coisa viva, dinâmica que acontece com a moda. É muito gostoso. Para quem gosta de trabalhar de verdade. É bom!

(FD) Tem alguma mulher, alguma personalidade que seja uma inspiração para você?

(Luciana Silva) Consuelo, para mim é alguém de uma sofisticação… De uma beleza. Ela não fica limitada a nada. Da última vez nós conversamos muito, falamos muito quando ela foi falar da marca, da numeração grande que ela teve durante um tempo. Eu fiquei mais apaixonada pela pessoa, mais admirada. Ela sentou com uma paciência para explicar, e disse: “Luciana vamos conversar sobre a numeração plus”. Então assim, a minha admiração por ela cresceu mais ainda.

(FD) Existe gafe em moda?

(Luciana Silva) Pois é, complicado isso. Porque é questão só de avaliação. Eu acho que as pessoas estão muito malvadas, muito cruéis.

(FD) Hoje em dia todo mundo é crítico de tudo? De moda, de política de gastronomia…

(Luciana Silva) Sim. Exatamente. Você citou bem gastronomia e eu acho que é o mesmo ponto. Vamos falar do Ataia, que para mim ele é uma sumidade. Atualmente ele tem buscado tanta simplicidade. Ele está fazendo o caminho inverso. Eu não sei se quando já chega esse patamar que ele alcançou, ai você já começa a falar: “vou dar uma invertida agora”. Já não preciso criar mais. É claro que para quem está começando, precisa mostrar e precisa ser algo ao menos, a pouco tempo não tenha sido visto. Tem acontecido no nosso caso com os designers e com os cozinheiros, com os chefs, estão se perdendo. E ai o que vem acontecendo tem sido um pouco desse julgamento de gafe. Você não sabe mais o que pode ser considerado certo ou não. Talvez por antecipação demais, algo que ainda está por acontecer e a pessoa ser muito visionária então a gente não consegue nem entender e pode chamar de gafe ainda, vamos pensar por esse lado… Agora, vamos falar de maldade alheia? (risos)

(FD) Isso ai é outra conversa né?! (risos)

(Luciana Silva) Eu acho que não é o caso, eu prefiro falar que talvez não tenha sido compreendida.

(FD) Tem uma peça de roupa que você considera indispensável no guarda roupa feminino?

(Luciana Silva) Vou ser obvia, mas o vestidinho preto. Pode ter uma gola diferenciada, mas não tem como. Um acessório, você pode brincar. Se você viajar e levá-lo na mala, acontece nas nossas viagens para fora, por exemplo, você não pode levar tudo. Mas ele por baixo do casaco dependendo do acessório que você for usar, você pode usa ele duas, três noites sem ninguém nem lembrar. Troca o sapato, passa para uma bota, alguma coisa. É o vestidinho preto, não tem como.

(FD) Qual foi a ultima coisa que você comprou?

(Luciana Silva) Então eu sou uma pessoa tão consciente. Ultima coisa que eu comprei foi um comprimento midi agora das viagens, eu trouxe, listrado. Eu sou pouco consumista.

(FD) Na sua opinião: Minas Trend é… ?

(Luciana Silva) Festa! (risos) Minas Trend é uma festa, mesmo. O que há de melhor, vamos dizer assim, ou quase todos estão aqui conosco. Estão fazendo festa, estão fazendo muito bem feito. Estão tentando atender aos pedidos dos clientes realmente, que é tentar melhorar preço. Melhorar a quantidade de peças pedidas. Mas estamos todos destinados a festa.

(FD) Ta ótimo, Muito obrigada!

(Luciana Silva) Obrigada.

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